apanhei boleia até ao centro da cidade,
caminhei para casa sem saber ao certo que caminho seguir.
Senti a presença de alguém e acelarei a passada.
Ouvi o passo da outra pessoa aumentar de intensidade,
"devem ser uns grandes pés" pensei...
Entrei no adro do primeiro prédio que encontrei,
espreitei para trás
(não vi ninguém) .
Doía-me os pés e tinha medo,
a minha cabeça parecia navegar por outros lados,
parecia prestes a cair.
Agachei-me sentando-me nas minhas próprias pernas
e breves segundos depois já tinha aquela faca
tão carregada no meu pescoço.
Reagi.
Agarrei-lhe o braço,
teria idade para ser meu pai,
quem sabe se meu avô...
Mandou-me para o chão sem dificuldade,
espancou-me.
Eu chorava e gritava tentando que alguém fizesse algo...
Ninguém fez!
Ninguém viu!
Se calhar ninguém ouviu...
Naquela noite escura e fria eu fui violada naquele adro de prédio.
Cláudia Torres
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