segunda-feira, 23 de maio de 2011

Um olhar sobre o mundo II

Sai da discoteca sem saber ao certo como,
apanhei boleia até ao centro da cidade,
 caminhei para casa sem saber ao certo que caminho seguir.

Senti a presença de alguém e acelarei a passada.
Ouvi o passo da outra pessoa aumentar de intensidade,
 "devem ser uns grandes pés"  pensei...

Entrei no adro do primeiro prédio que encontrei,
 espreitei para trás
(não vi ninguém) .

Doía-me os pés e tinha medo,
 a minha cabeça parecia navegar por outros lados,
parecia prestes a cair.
 Agachei-me sentando-me nas minhas próprias pernas
e breves segundos depois já tinha aquela faca
 tão carregada no meu pescoço.

Reagi.
Agarrei-lhe o braço,
 teria idade para ser meu pai,
quem sabe se meu avô...

Mandou-me para o chão sem dificuldade,
 espancou-me.
Eu chorava e gritava tentando que alguém fizesse algo...
Ninguém fez!
Ninguém viu!
Se calhar ninguém ouviu...

Naquela noite escura e fria eu fui violada naquele adro de prédio.



Cláudia Torres

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